Cores

Ok, então… vamos falar de cores!

As cores são bonitas, e também são realmente fundamentais na pintura. Ao pintar, desejamos querer aceder e manipular facilmente as cores para criar coisas engraçadas como :ref:misturá-las mixing_colors em conjunto ou correspondê-las para criar alguma harmonia ou contraste visual. Também queremos encontrar rapidamente os nossos tons de vermelho ou de azul favoritos sem termos de nos esforçar muito. Tudo isto torna-se ainda mais importante, quanto mais cores tivermos acesso!

Naturalmente, a primeira coisa que fazemos é organizar as cores, normalmente com base no que vemos na natureza. Por exemplo, tendemos a ordenar as tonalidades pela ordem com que aparecem num arco-íris e pensamos no brilho dos valores como uma gama de tonalidades desde o branco até ao preto. Obviamente, a natureza em si está associada à Física, e a ordem das tonalidades e o conceito de brilho tem tudo a ver com o comprimento de onda e a energia ou luz emitida que eventualmente chega aos nossos olhos.

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No caso dos meios tradicionais, ordenamos as cores (matizes) pela forma como resultam das misturas de outras cores, começando pelas cores primárias subtractivas: cíano, magenta, amarelo. A mistura de cada cor primária com outra revela três cores secundárias: violeta, laranja e verde. A mistura dessas cores criar cores terciárias, e assim por diante - as variações de matizes entre cada cor identificada são praticamente ilimitadas! Se pensar nas cores desta forma, é criado um círculo de matizes que os artistas chamam de «roda de cores»! Cada um desses tons pode ainda ser tornar mais claro (pintado) ou mais escuro (sombreado), misturando-os com branco ou preto, respectivamente, podendo ainda qualquer cor ser tornada menos saturada (mais cinzenta), misturando com outra cor no lado oposto da roda de cores.

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No mundo digital dos computadores, a cor é tratada de forma semelhante, e ordenamos as cores pela forma como o ecrã as gera; cada pixel de cor no nosso ecrã é produzido através da combinação de luzes vermelhas, verdes e azuis super-minúsculas com intensidades variadas. Ao contrário da mistura de tintas, onde a intensidade de luz é subtraída por cada pigmento e a mistura de todas as cores irá produzir um castanho ou cinzento lamacento, a mistura de cores é aditiva - obviamente, a ausência de qualquer luz gera o preto, e a mistura de todas as luzes coloridas produz o branco. Como tal, podemos criar uma uma lista com as intensidades das cores primárias possíveis:

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Acima aparece uma tabela com diferentes intensidades de luz vermelha. Os nossos ecrãs conseguem decerto criar vários tons de vermelho, mas só começamos a ver o poder dos pixels quando adicionarmos as outras cores primárias, o verde e o azul, e mostrar as cores da luz que são produzidas quando são adicionadas em conjunto! Por exemplo, aqui está uma tabela que mostra diversas misturas de vermelho com verde:

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Mas isso é apenas vermelho e verde; então e o azul? Acho que podemos criar ainda mais tabelas para ver o que acontece quando se adicionam diferentes quantidades de azul na mistura:

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Esta forma de ordenar as cores é provavelmente familiar para si, caso tenha usado alguns programas para criar aplicações para a Internet, como o Flash. De facto, se tivéssemos feito 6 amostras em vez de 5 por «canal» (isto é, por cada cor primária), teríamos obtido as 216 cores seguras da Web!

A apresentação das cores num conjunto de tabelas simplesmente parece errado, por outro lado, não é? Isto acontece porque, embora as nossas tabelas sejam em 2D, dado que estamos a misturar três cores primárias, a cor pode ser vista como 3D! É um bocado estranho da primeira vez que pensar desta forma, mas poderá de facto empilhar estas tabelas com base na quantidade de azul, para que se transformem num cubo!

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Este cubo não está preenchido com água, areia, ou mesmo cimento, mas sim com cores! As cores são relativamente abstractas, e tipicamente falamos dos cubos e de outros objectos 3D que representam ideias abstractas como espaços, daí chamarmos a este cubo de espaço de cores. Como este cubo em particular usa o vermelho, o verde e o azul como eixos, diríamos que o nosso cubo encontra-se no modelo de cores RGB.

Existem muitos mais modelos de cores. Por exemplo, se fôssemos balancear o nosso cubo no canto preto, o canto branco ficaria logo debaixo do nosso dedo no topo do cubo. E, tal como seria feito pela geometria e matemática, se cortássemos o cubo ao meio à medida que o balanceássemos, a linha do ponto branco no topo ao ponto preto no fundo seria a escala de tons de cinzento.

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Quando pensar numa fita de tons de cinzentos a passar no meio do cubo, à medida que nos afastamos dessa escala em direcção aos extremos exteriores do cubo, as cores irão começar a ficar mais saturadas (mais coloridas e vivas). O círculo de cores em torno desse eixo de cinzentos intermédio iria então definir o tom ou matiz, com uma cor diferente em cada direcção.

Esta é a ideia básica dos modelos de cores HSV, HSL, HSI e HSY. Este modelo em particular é chamado de HSI (matiz, saturação e intensidade), porque associa cada cor única à intensidade das luzes primárias coloridas que foram misturadas para as criar.

Existem outros modelos de cores, como o L*a*b*, onde olhamos primeiro para o valor de cinzento correspondente a uma dada cor, e depois tentar descrevê-la, não em termos de matiz e saturação, mas quão vermelha, verde, azul e amarela é. Dado que os nossos cérebros não conseguem realmente compreender uma cor que tanto é vermelha como é verde, ou azul e amarela, isso torna-as opostos polares óptimos numa escala deslizante. Nós chamamos a isto de modelo de percepção, dado que se baseia em como vemos as cores em vez da forma como é gerada a cor.

Os modelos de cores definem espaços de cores que, por sua vez, são de todos os tipos de tamanhos e formas. O Krita permite-lhe executar operações em diferentes modelos e espaços, algo que chamamos de «Gestão de Cores».

A Gestão de Cores é necessária para o suporte do **CMYK** (subtractivo), mas fora disso, não são muitos os programas de desenho ou pintura que oferecem a funcionalidade, dado que alguns programadores acreditam que os artistas não têm necessidade dessa funcionalidade. É pena! Especialmente porque a Gestão de Cores permite truques muito mais giros que apenas o suporte básico do CMYK, assim como a capacidade de manipular as cores como faz um computador é talvez a qualidade mais única da pintura digital!

Dado que o Krita lhe dá quase um controlo sem precedentes da cor, isto significa infelizmente que existem poucos ou quase nenhuns artigos sobre como usar a gestão de cores no caso dos artistas ou pintores. Por isso, criámos esta categoria e esperamos preenchê-la com artigos relativamente curtos que explicam os conceitos relacionados com a cor de uma forma visual e leve.

Recomendamos que consulte a página do fluxo de gestão de cores de seguida - mesmo que não planeie usar esse fluxo de trabalho, irá ajudar a criar algum sentido nas diversas características relacionadas com as cores e a Gestão de Cores. Para além disso, cada artigo deverá ter o seu próprio lugar e poderá ser acompanhado em qualquer direcção ou ritmo que desejar!